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terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Democracia Desacomoda e Incomoda

Professora Suelen Marchetto

Todos pedem liberdade de expressão. O tempo de não poder falar e debater está apenas nos livros de História e em lembranças de mentes brilhantes que se confrontaram com o regime militar. Um regime duro que calou muitos que tinham muito para falar: aqueles que lutavam pela democracia. Hoje, todos têm liberdade de expressão e há muitos espaços para aqueles que querem. Mas será que existe um verdadeiro querer? A democracia visa atender a todos, mas será que todos querem a democracia?
Já ouvi dizer que na ditadura é tudo mais fácil. Realmente, tudo já está dado, basta cumprir, ninguém precisa ou deve questionar. Na democracia não, tudo precisa ser debatido, as opiniões devem ser levadas em conta, todos somos responsáveis pelas decisões. Quando me torno responsável pelo todo e quando não posso me indignar com a decisão da maioria, as coisas se desacomodam, torna-se mais difícil para mim. Reclamar? De quem? De todos? Eu me incluo nestes “todos”. A situação se torna mais difícil quando assumo um cargo de liderança em algum grupo: devo ouvir e considerar a opinião de todos e, mesmo que não prevaleça a minha ideia, devo acatar e fazer cumprir a ideia do grupo. Convencer é muito mais difícil que impor. Ensinar é muito mais difícil que fazer. Viver em uma democracia desacomoda. E quem está disposto a se incomodar?
Nestes dias, debatendo com um grupo de alunos sobre o papel da escola na vida de cada um, ouvi muitas reclamações: “a escola não nos deixa falar, não nos deixa opinar”. Questionei o grupo sobre a sua maneira de falar, perguntei se já tinham debatido entre eles o que teriam a dizer, no que seus argumentos estavam fundamentados e não obtive resposta diferente de reclamações. Creio que os nossos jovens são o reflexo da nossa sociedade. Defendo o princípio que reclamar não resolve, não agrega. A indignação é diferente, esta nos faz agir, lutando com argumentos fundamentados. Acredito que a sociedade brasileira ainda tem muito a aprender em termos de democracia. Ainda nos são tentadores o autoritarismo ou a acomodação. Devemos instigar nossos jovens a não se acomodarem. É preciso que indiquemos uma democracia responsável. Não precisamos de uma sociedade de gente que só reclama, mas de homens e mulheres que tenham atitudes e busquem seus lugares em nosso país democrático.
Acredito que nossa democracia deve ser aprimorada a cada dia. Nossa sociedade ainda tem muito a aprender para respeitar as liberdades de cada um e unir forças para um Brasil cada vez melhor. Precisamos nos desacomodar para garantir que a ditadura seja apenas uma lembrança, triste para muitos, não tão triste para outros. Que continue nos livros de História a fim de honrarmos os que lutaram e morreram para que vivêssemos este período de construção democrática.  Período que nos desacomoda, que nos incomoda, mas que nos faz livres.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Em defesa da Constituição!

Comemorar a Independência do Brasil é olhar para a nossa sociedade com orgulho de quem vive no Brasil. Orgulho da terra, da cultura, da diversidade, das riquezas, do povo, das conquistas. Em 189 anos de Independência conquistamos muito. Dentre as nossas conquistas está a garantia da cidadania plena na Constituição Federal. No Rio Grande do Sul, neste ano, comemoramos os 50 anos da Campanha da Legalidade. É o Sul do Brasil erguendo suas armas pela garantia do cumprimento da Constituição Federal de 1946. Nós, hoje, também erguemos a nossa arma da educação para garantir os direitos fundamentais da Constituição de 1988.
Após a renúncia de Jânio Quadros da Presidência do Brasil, em 1961, alguns setores da sociedade, a grande maioria de militares, desejavam o impedimento da posse do vice-presidente João Goulart. No Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, então governador do Estado, lidera um movimento de resistência pregando a legalidade da Constituição Federal. Em seu primeiro apelo da sacada do Palácio Piratini, na madrugada de 27 de agosto de 1961, Brizola profere.
“O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo”.
Leonel Brizola utiliza as transmissões de rádio, instalados nos porões do Palácio Piratini, para denunciar o não cumprimento da Constituição. Civis e militares do 3º Exército se unem à Campanha da Legalidade e nas ruas o povo canta o hino: “Avante brasileiros de pé / Unidos pela liberdade / Marchemos todos juntos com a bandeira / Que prega a lealdade / Protesta contra o tirano / Se recusa à traição / Que um povo só é bem grande / Se for livre sua Nação”.
Os ecos da Campanha da Legalidade se espalham pelo Brasil e em 7 de setembro de 1961, Jango é empossado presidente. A Campanha da Legalidade defendeu a Constituição. No ano em que celebramos o seu cinquentenário recordamos a importância da defesa da nossa Constituição. A Constituição Cidadã de 1988 garante a nós, brasileiros, os direitos à vida, à igualdade, à liberdade, à segurança, à educação, à saúde, à proteção ao meio ambiente entre outros.
Lutamos pela garantia da vida e da liberdade. Não apenas a liberdade de consumo, mas a liberdade de não consumir. De estarmos livres das correntes do endividamento que são parte deste consumismo exacerbado. Estarmos livre das drogas que aprisionam os nossos jovens em um mundo que não é deles.
Lutamos ainda pela assistência aos desamparados e para garantir a igualdade de direitos. Mas, como podemos falar de igualdade de direitos se sabemos que as deficiências físicas e mentais são ainda um empecilho para exercer, inclusive, o direito de ir e vir? Quando muitas mulheres são vistas apenas como objeto de prazer sexual e são exploradas por seus companheiros e por outros homens? Quando sabemos que a mulher e o negro ainda recebem os salários mais baixos?
No artigo 6º da Constituição Federal encontramos que “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. Em nosso meio encontramos uma educação prejudicada pela baixa valorização dos profissionais e pelo descaso com as estruturas físicas e pedagógicas das nossas escolas. No campo da saúde um sistema que, apesar de ser uma grande conquista do povo brasileiro, necessita de mais recursos e respeito aos que dele utilizam. Nossa alimentação, protegida na Constituição, está modificada geneticamente e carregada de agrotóxicos que, além de envenenarem o meio ambiente, prejudicam a saúde de quem consome.
O artigo 225 da Constituição garante: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Sim, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é constitucional. Mas vemos cada vez mais ONG’s lutando sozinhas para a preservação dos meios naturais.
Precisamos levantar uma nova bandeira pela legalidade da Constituição Federal, lutando mais uma vez, pela garantia do cumprimento da Constituição. As armas não precisam ser de fogo e nem precisamos utilizar a força física. Nós temos a arma mais poderosa: a educação. Pela educação, com a força da informação, marchamos todos juntos com a bandeira que prega a lealdade.

Suelen Marchetto

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Projeto Grêmio Estudantil - E.E.E.M. São Pio X

Estamos desenvolvendo o Projeto: Sou sujeito da Minha História! que visa incentivar a criação de um Grêmio Estudantil nesta escola.

Tem como objetivos:

  • Esclarecer os educandos sobre a importância de se associarem;
  • Resgatar a importância histórica das associações juvenis.

Por que desenvolver o projeto?

A sociedade pós-moderna, que mundializou o capitalismo, prevê o individualismo e a não associação. O consumismo, marca desta sociedade, prevê a massificação dos indivíduos e a anulação dos sujeitos. Muitas vezes nossos educandos, como indivíduos programados desta sociedade, anulam suas opiniões e não se envolvem nas decisões democráticas.
Salvar o papel do sujeito surge como um desafio para a escola desta época. Criar espaços para que os jovens se organizem, para salvar as liberdades individuais e a verdadeira democracia, é nosso dever.
Neste sentido o renascimento das organizações juvenis faz-se necessário. Queremos formar verdadeiros cidadãos. A cidadania, da qual nós entendemos, não é a cidadania de seres cada vez mais individualizados. O cidadão que queremos é o cidadão responsável pelas decisões que influenciam diretamente a sua vida, aquele que é sujeito de sua própria história.
A organização em grupos permite a discussão e assim, a libertação de ideias impostas pela sociedade do consumo, por seus vários meios de intervenção social.
A formação dos educandos acerca da importância histórica de associação entre indivíduos clareará nossos objetivos. O protagonismo de muitos jovens ao longo da história pode os incentivar a ânsia de fazer a sua parte. Assim poderemos, em um passo seguinte, criar o nosso Grêmio Estudantil.

Participe do Projeto! Seja sujeito da sua História!

Obs.: O projeto é desenvolvido nas salas de aula com a coordenação dos professores.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

No mês de Abril...

Dia 19 de Abril comemoramos o Dia do Índio.
É importante conhecermos mais a História e a Cultura destes povos que formam o Brasil.
Abaixo uma sugestão de página com informações sobre os Índios do Brasil:

http://www.videonasaldeias.org.br/2009/index.php

O Vídeo nas Aldeias

Criado em 1987, Vídeo nas Aldeias (VNA) é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. O objetivo do projeto foi, desde o início, apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de um produção compartilhada com os povos indígenas com os quais o VNA trabalha.

O VNA surgiu dentro das atividades da ONG Centro de Trabalho Indigenista, como um experimento realizado por Vincent Carelli entre os índios Nambiquara. O ato de filmá-los e deixá-los assistir o material filmado, foi gerando uma mobilização coletiva. Diante do potencial que o instrumento apresentava, esta experiência foi sendo levada a outros grupos, e gerando uma série de vídeo sobre como cada povo incorporava o vídeo de uma maneira particular.

Em 1997, foi realizada a primeira oficina de formação na aldeia Xavante de Sangradouro. O VNA foi distribuindo equipamentos de exibição e câmeras de vídeo para estas comunidades, e foi criando uma rede de distribuição dos vídeos que iam produzindo. Foi se desenvolvendo e gerando novas experiências, como promover o encontro na vida real dos povos que tinham se conhecido através do vídeo, “ficcionar” seus mitos, etc.

O VNA foi se tornando cada vez mais um centro de produção de vídeos e uma escola de formação audiovisual para povos indígenas. Desde o “Programa de Índio” para televisão em 1995, até a atual Coleção Cineastas Indígenas, passando por todas as oficinas de filmagem e de edição do VNA, em parceria com ONGs e Associações Indígenas, o projeto coloca a produção audiovisual compartilhada ao centro das suas preocupações.

Em 2000, o Vídeo nas Aldeias se constituiu como uma ONG independente. A trajetória do Vídeo nas Aldeias permitiu criar um importante acervo de imagens sobre os povos indígenas no Brasil e produzir uma coleção de mais de 70 filmes, a maioria deles premiados nacional e internacionalmente, transformando-se em uma referência nesta área.

Fonte: http://www.videonasaldeias.org.br/2009/vna.php